Imagine a seguinte situação, caro leitor. Um petista histórico passa quatro anos batendo em Bolsonaro, participa de uma campanha com a bandeira antibolsonarista e, após ser derrotado, é anunciado para uma superintendência no governo Bolsonaro. Não faz sentido, não é?! Para alguns bolsonaristas faz só que em perspectiva contrária.
O presidente do partido de Roberto Jefferson no RN, Getúlio Batista, foi candidato a vice prefeito de Natal do Coronel Hélio em 2020, uma chapa bolsonarista puro sangue. Durante os quatro anos de Jair Bolsonaro, deu voz as fake news bolsonaristas e chamou Lula de ladrão e Gleisi Hoffman, presidente nacional do PT, pela indigna alcunha de amante. Derrotado, tenta ocupar a superintendência do Dnit no RN na gestão Lula através da indicação do vice governador Walter Alves.
Batista foi posto pelos eleitores do PT para atuar na oposição em 2022. Isto é, ele demonstra que não respeita a maioria do eleitorado. Ao apagar suas mensagens nas redes sociais após a repercussão de sua movimentação neopetista, também mostra aos que votaram junto com ele em Jair Bolsonaro que também não tem em elevada estima os militantes bolsonaristas.
Por fim, sua postura deixa claro que o apoio a todo o kit completo bolsonarista nos últimos anos não passou de cálculo para agradar Roberto Jefferson, aquele que atirou e jogou bomba na polícia, para manter o comando do partido no RN. Explicita que o endosso de todo o caos da extrema direita foi mera performance em busca de poder. Na competição por espaço, ontem foi bolsonarista e hoje pode virar petista. E amanhã? Quem sabe?!
O vice governador Walter Alves se inclina abruptamente para uma situação que talvez precise ser mais matizada. Certamente ele tem pretensões eleitorais para 2026 em âmbito majoritário e, ao forçar a indicação do seu apadrinhado, pode contratar uma antipatia com o campo que hoje se situa. Compensa?
Daniel Menezes
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