A Folha de S.Paulo – Leonardo Souza
Ex-presidente da Câmara que renunciou em 2005 acusado de receber propina do dono de um restaurante da Casa, Severino Cavalcanti, 84 anos, avalia que a instituição piorou muito desde sua saída. O motivo que causou a renuncia de Severino, foi uma mensalidade que ele recebia de R$ 5.000,00 por mês por “locação” do restaurante.
“Está muito ruim. Você só ouve piadas”, disse em entrevista à Folha por telefone. “Na minha gestão era porta aberta, todo mundo tinha entrada. Não tinha esse negócio de ‘eu sou o dono do mundo'”.
A referência é ao atual presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acusado de US$ 5 milhões em propina por um lobista que faz delação na Operação Lava Jato.
Vejam a entrevista:
Folha – Como o sr. avalia o trabalho da Câmara neste ano?
Severino – Está havendo um certo tumulto. A coisa tem que ser fiscalizada. Quem deve tem que pagar.
O que o sr. acha da atuação de Eduardo Cunha como presidente da Câmara?
Eu achava que ele, no início, estava tentando realmente acertar. Mas agora está tomando umas posições um pouco confusas. Se ele participou, digamos, de alguma coisa danosa, ele tem que pagar também. Não é porque ele é presidente que não vai pagar.
Um delator na Lava Jato afirmou que Cunha lhe exigiu US$ 5 milhões.
Ele tem de provar que realmente não participou disso.
E ele tem condição de continuar a presidir a Câmara?
Se for comprovado que ele recebeu esse dinheiro, não tem condição.
Oferecida a denúncia pelo Ministério Público, ele deveria renunciar?
Se não renunciar, [os demais deputados] deveriam cassar o mandato dele. Se for provado [o recebimento de propina].
O sr. mantém atividades políticas?
Estou com 84 anos. Houve uma denúncia falsa contra mim, de um camarada que queria de qualquer maneira ficar no restaurante [da Câmara dos Deputados]. Está provado que ele é incorreto.
Que imagem a Câmara dos Deputados passa para o Brasil atualmente?
A Câmara tem que mostrar à nação que não compactua com bandalheira.
Piorou a imagem da Câmara?
Ah, está muito ruim; você só ouve piadas.
Comparada com o período em que o sr. presidiu a Casa?
Piorou muito. Na minha gestão, era porta aberta, todo mundo tinha entrada. Não tinha esse negócio de “eu sou o dono do mundo”, não.
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