A aliança PT e MDB para as eleições 2022, articulada pelo ex-presidente Lula, sofre resistência das alas mais radicais dos dois partidos no Rio Grande do Norte, o que coloca em dúvida a reaproximação entre as duas agremiações. As manifestações favoráveis são a base para tentar vencer a desconfiança dos que se colocam contra a aliança.
Quando esteve no Rio Grande do Norte, em agosto, Lula chamou a cúpula do MDB estadual para um jantar político, em que estiveram presentes o deputado federal Walter Alves e o ex-senador Garibaldi Filho, líderes emedebistas no estado. Lula disse abertamente que gostaria muito que o PT e MDB se unissem no RN para fortalecer o projeto de reeleição da governadora Fátima Bezerra.
O líder petista, consciente que existe resistência dentro do PT à reaproximação com o MDB, mandou recado para a ala mais radical: “Eu não posso pensar com fígado. Preciso pensar de forma civilizada como é que a gente vai manter todas as forças políticas porque você precisa, se candidato, ganhar as eleições. E, se ganhar as eleições, precisa governar.” Lula foi mais contundente: “Eu tive muitas relações com o MDB. Pretendo continuar tendo.”
O recado, porém, não fez recuar setores do PT contra a reaproximação dos Alves. A deputada federal Natália Bonavides assumiu de público a sua posição contrária. “Não seria uma aliança eleitoral acertada”, afirmou em entrevista recente ao programa “Repórter 98”, de Natal.
Para Natália existe uma divergência programática muito ampla. “Se formos observar a própria posição do MDB no Congresso, muitas vezes (o partido) tem sido base de apoio dessa agenda bolsonarista. Além disso, aqui no Estado, as oligarquias por muito tempo governaram o Rio Grande do Norte e foram as responsáveis por fazer o Estado chegar às condições em que chegou. Eu acredito que não seria positivo”, criticou.
Outra reação foi a do ex-deputado Fernando Mineiro, um dos fundadores do PT no Rio Grande do Norte. No fim de semana, usando as suas redes sociais, Mineiro criticou os organizadores das manifestações contrárias ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), lembrando que são os mesmos do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Entre os manifestantes,
Mineiro, que é secretário de Projetos de Governo da gestão Fátima Bezerra, escreveu: “Esses que estão aí na foto foram os mais animadinhos com o golpe contra a Dilma. Apoiaram Temer e Bolsonaro. Hoje, parte deles organizou um ato dizendo que são contra Bolsonaro. Foi um fiasco. Deviam pedir desculpas ao povo brasileiro.”
Ao lembrar-se de Temer, em sua postagem, Mineiro acertou o líder emedebista nacional que, provavelmente, será procurado por Lula para discutir a possibilidade de aliança entre o PT e MDB. E reforça o discurso de Natália Bonavides que critica a possibilidade de o partido se aliar com quem a parlamentar considera sem identidade mínima com o programa do PT.
“É sempre válido fazer aliança com quem é diferente da gente, até porque não se chamaria aliança. Mas essa junção de diferentes no mesmo palanque precisa de identidade mínima, que a gente tope um programa minimamente comum para a gente apresentar à sociedade e depois buscar ampliar esse programa”, disse Natália na entrevista ao Repórter 98.
Fonte: DeFato.com