O primeiro escalão de um cada vez mais
provável Governo Michel Temer (PMDB) tem tudo para se tornar uma mistura
de nomes que foram homens de confiança de duas gestões presidenciais, a
de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a de Fernando Henrique Cardoso
(PSDB). Dos 21 ministeriáveis que foram colocados na mesa até agora, dez
já estiveram em uma das duas gestões. Há outros cinco que ocuparam
cargos no Governo Rousseff, mas não por exatamente próximos a ela, mas
por acordos políticos com o próprio PMDB ou com o PSD. “Se ocorrer, o
governo Michel será uma espécie de Frankenstein de Lula com o FHC. Isso
sem excluir o núcleo duro peemedebista”, disse um auxiliar do PMDB que
acompanha as negociações. As conversas foram intensificadas pelo
vice-presidente desde que a Câmara dos Deputados admitiu, em 17 de
abril, o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff (PT).
Além disso, Temer deverá fazer um corte no número de ministérios. A
expectativa é que entre sete e dez sejam cortados. Hoje, são 32 pastas.
Essa redução, no entanto, não deve interferir na participação de alguns
dos partidos do “centrão” do Congresso Nacional, como o PSD e o PP, que
somam 83 das 513 cadeiras na Câmara e 10 das 81 vagas do Senado. Ambos
deverão manter parte dos cargos que já ocupavam na gestão Dilma
Rousseff. As legendas nanicas que deram apoio ao impeachment ficariam
com cargos de menor expressão, como presidências de autarquias e
superintendências.
Mesmo com o grupo de Temer alegando que nenhum nome foi oficializado
porque ele ainda não está na presidência, estão no ar nomes quase certos
e vários balões de ensaio, o jargão político dado a nomes vazados quer
seja para testar sua receptividade ou para tentar emplacá-los. Um deles
foi o advogado Antônio Claudio Mariz de Oliveira no Ministério da
Justiça. Depois que o nome dele surgiu e ele concedeu entrevistas
criticando a Operação Lava Jato, logo foi descartado. Para essa função, o
vice-presidente estuda os nomes de um ex-ministro do Supremo Tribunal
Federal, Ayres Britto ou Carlos Velloso. “Não há ninguém convidado para
ser ministro. O que estão ocorrendo são conversas para avaliações
particulares dele [Temer]. Tem alguns nomes que são mais desejos dos
próprios citados que qualquer outra coisa”, disse o senador Romero Jucá
(PMDB)
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