terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Coaf conclui que renda de Flávio Bolsonaro não explica dinheiro em conta, diz revista.

A revista Veja teve acesso a novos trechos do relatório do Coaf sobre movimentações financeiras do senador eleito Flávio Bolsonaro. Desta vez, o Coaf chegou à conclusão de que a renda do parlamentar não era suficiente para explicar o volume de dinheiro na conta bancária dele. 

O trecho do relatório revelado pela revista registra as movimentações financeiras de Flávio Bolsonaro entre 1º de agosto de 2017 e 31 de janeiro de 2018.
Nesses 6 meses, o senador eleito movimentou R$ 632 mil: foram R$ 337 mil em créditos e R$ 294 mil em débitos. O Coaf diz que a movimentação é suspeita, porque o cliente movimentou recursos superiores à sua capacidade financeira. 

Segundo o documento, Flávio Bolsonaro informou, na época, que tinha renda mensal de R$ 27 mil. O Coaf afirma que essa renda declarada aparentemente não ampara a movimentação financeira realizada no período. 

A reportagem lembra que o senador eleito tem dito que a maior parte dos rendimentos dele vem das atividades como empresário, e não do salário como deputado estadual. Mas o trecho do relatório aponta que, no período analisado, a maior parte dos créditos na conta de Flávio Bolsonaro veio da Assembleia Legislativa do Rio. 

Na semana passada, o Jornal Nacional já tinha mostrado um outro trecho do relatório do Coaf sobre movimentações financeiras atípicas de Flávio Bolsonaro entre junho e julho de 2017. 

São 48 depósitos em espécie que somam R$ 96 mil na conta do senador eleito, feitos no autoatendimento da agência bancária que fica dentro da Assembleia Legislativa. Flávio Bolsonaro usava envelopes com limite de R$ 2 mil, mas como fazia várias operações por dia o valor ultrapassava R$ 10 mil. Ele disse que escolheu fazer os depósitos em envelopes no caixa eletrônico para não ter que enfrentar fila. 

O Jornal Nacional apurou que, se invés de usar envelopes, Flávio Bolsonaro tivesse ido direto à boca do caixa, teria que ter declarado a origem do dinheiro. O Banco Central exige informações quando o valor do depósito em espécie ultrapassa R$ 50 mil, mas no banco onde o senador eleito tem conta essa exigência começa com depósitos acima de R$ 10 mil, e quem deposita precisa se identificar, dizer quem é o dono dos recursos e declarar a origem e o destino do dinheiro. 

O senador eleito diz que parte do dinheiro recebido como sinal pela venda de um apartamento é o dinheiro que foi depositado na conta dele em espécie nos meses de junho e julho. Mas a escritura do imóvel obtida pela TV Globo revela que o pagamento do sinal aconteceu três meses antes das operações consideradas atípicas pelo Coaf. 

O que dizem os citados
 
A defesa de Flávio Bolsonaro disse que, mais uma vez, o senador eleito é vítima de um vazamento criminoso e irresponsável de dados sigilosos com ilações sem qualquer fundamento comprobatório, e que não há absolutamente nada de irregular com seu patrimônio ou em suas movimentações financeiras. A defesa disse ainda que tudo será esclarecido, com tranquilidade, no tempo certo. 

Em nota, a defesa de Fabrício Queiroz disse que ainda não teve acesso à íntegra dos documentos, mas que, de qualquer forma, repudia qualquer ilação sobre a movimentação financeira de Fabrício Queiroz, porque, por si só, ela não constitui qualquer ilicitude. 

João Marcolino


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