Com números inexpressivos em todas as
capitais brasileiras, a manifestação em apoio à Lava Jato ficou longe de
alcançar o público das grandes passeatas e comícios em defesa do
impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Na Avenida Paulista, que
reuniu mais de 1 milhão de pessoas no ano passado, havia pouco mais de
10 mil – o suficiente para encher apenas uma quadra da via. Os temas
mais politizados, como anistia ao caixa dois, voto em lista fechada e
foro privilegiado não foram capazes de mobilizar um contingente maior de
pessoas. A maior semelhança com os atos de 2015 e 2016 estava nas cores
verde e amarelo das camisetas e bandeiras.
O presidente Michel Temer não foi atacado, mas a ex-presidente Dilma também não foi o foco dos manifestantes. Eles preferiram criticar os políticos citados na Lava Jato,
como os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ); e do Senado,
Eunício Oliveira (PMDB-CE); o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e
os senadores Aécio Neves (PSDB-MG), Renan Calheiros (PMDB-AL), Romero
Jucá (PMDB-RR), Edison Lobão (PMDB-MA) e Gleisi Hoffmann (PT-PR). Enfim,
os ataques foram dirigidos a todos os partidos.
No palanque montado na Paulista, estiveram presentes os advogados que
assinaram o pedido de impeachment de Dilma, Janaína Paschoal e Miguel
Reale Júnior. O senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) foi um dos poucos políticos presentes.
Rio e Brasília
Na orla de Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro, o ato foi
promovida pelo Movimento Vem Pra Rua e reuniu centenas de pessoas. O
humorista Marcelo Madureira estava no evento e disse acreditar que, se a
Operação Lavo Jato for até o final, “talvez nós tenhamos chance de,
juntos, construirmos uma grande nação”. Mas reforçou que isso depende de
cada cidadão. “Cidadania é, antes de tudo, uma obrigação. Sabemos que é
nossa obrigação de cidadão lutar pelo futuro da nossa pátria, por
tempos melhores para nós, para os nossos filhos e para nossos netos”.
De acordo com o Movimento Vem pra Rua, as manifestações neste domingo
ocorrem em 130 cidades de todo o país e também em Lisboa, em Portugal.
No estado do Rio de Janeiro, estão programados atos também durante o dia
nos municípios de Barra Mansa, Volta Redonda, Niterói, Arraial do Cabo,
Barra do Piraí e Macaé. Os atos foram convocados pelas
organizações Movimento Brasil Livre, Vem Pra Rua e NasRuas – os mesmos
que lideraram a mobilização pró-impeachment de Dilma.
Na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, o público foi de 630
pessoas, nas contas da Polícia Militar (PM), muito abaixo dos 40 mil
manifestantes nos eventos pró-impeachment de Dilma. Os temas mais
citados estão ligados às propostas de reforma política, como lista
fechada, financiamento público de campanha e anistia ao caixa dois. No
alto de um carro de som, a coordenadora do movimento Vem Pra Rua,
Juliana Dias, discursou contra o modelo eleitoral proposto no Congresso,
que considera “a coisa mais antidemocrática que existe”. “Lista fechada
é contra a democracia. É votar no partido e não mais nas pessoas e eles
[os partidos] põem lá dentro quem eles quiserem. Essa é a principal
pauta do dia”, explicou.
No modelo, defendido pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia
(DEM-RJ), dentre outros parlamentares, os partidos definem previamente
os nomes que estarão na disputa e o eleitor vota no partido e não mais
no candidato.
O juiz federal Sérgio Moro e o coordenador da força-tarefa da Lava
Jato no MP, Deltan Dallagnol, também foram lembrados. A manifestação,
que começou às 10h e terminou ao meio-dia, demonstrou apoio à Operação
Lava Jato. O ato terminou com um enterro simbólico do que chamaram de
“velha política”.
Curitiba
Curitiba, sede da Operação Lava Jato na primeira instância da Justiça
Federal, teve uma das maiores mobilizações, com cerca de 10 mil pessoas
– cerca de 4 mil pessoas segundo a Polícia Militar, ou 10 mil de acordo
com os organizadores. Os manifestantes carregaram uma imensa faixa com
as cores da bandeira do Brasil.
Em Goiânia, não havia mais do que 2 mil pessoas, que saíram em
passeata pela cidade. Em Campo Grande, o número não passou de 400
pessoas. Também houve passeatas em outras grandes capitais, como Belém,
Salvador e Porto Alegre, todas com números inexpressivos.
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