Foi sangrando, foi tenso, mas foi a primeira medalha de ouro do Brasil nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. O ouro é de uma carioca, nascida em uma favela e que começou a lutar em um projeto social. Rafaela Silva é a nova campeã dos leves (57kg) do judô, após bater a mongol Sumiya Dorjsuren, atual líder do ranking mundial, nesta segunda-feira (08).
Rafaela não tinha o histórico a seu favor, mas a torcida empurrou a brasileira, muito focada contra a mongol. A judoca do Brasil havia perdido quatro lutas para a rival na final desta segunda e vencido apenas um confronto, em 2015.
Aos 26 anos, Rafaela saiu da Cidade de Deus, a comunidade carente e violenta que ficou famosa com o filme de Fernando Meireles, para se tornar a melhor judoca que o Brasil já teve. Em 2013, ela foi campeã mundial, também em sua casa, no Rio de Janeiro. Nenhum outro judoca do país tem títulos olímpicos e mundiais. Sarah Menezes, Aurélio Miguel e Rogério Sampaio têm ouros olímpicos, mas nunca venceram Mundiais. João Derly (duas vezes), Tiago Camilo, Luciano Correa e Mayra Aguiar tem o Mundial, mas não o ouro olímpico.
A família, Bernardes, Canto e uma psicóloga não deixaram. No ano seguinte, ela já era campeã mundial e líder do ranking da Federação Internacional de Judô. Nos últimos três anos, subiu ao pódio em quase todos os torneios que disputou. A primeira medalha do judô na Rio-2016 não poderia vir de uma candidata melhor.
Bruno Doro – UOL Rio de Janeiro
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