Um dos responsáveis diretos pelo golpe contra Dilma Rousseff em 2016, Michel Temer (MDB) afirmou que é procurado, com frequência, para aconselhar homens públicos, dentre eles Jair Bolsonaro.
"Em uma ocasião, tomei a liberdade de ligar para ele, uns 50 dias atrás, em um sábado à tarde. Como ele tem sido correto com meu governo, vi várias entrevistas em que ele diz: 'Olha aqui, se não fosse o Temer ter feito a modernização trabalhista, não fosse o governo Temer ter feito o teto dos gastos, ou a questão da Previdência'. Ele está sendo correto, então resolvi ligar para ele", afirmou ele em entrevista ao site Metrópoles (DF).
"Eu disse: Presidente, posso dar um palpite? Acho que você deveria decretar o isolamento social por uns 12, 15 dias, dizendo que a cada 12 dias faria uma revisão, ressalvadas as atividades essenciais. Porque você centraliza um pouco com essa atuação, é útil para o governo e o povo fica mais tranquilo. Ele ficou grato, agradeceu muito etc, etc", acrescentou.
Temer afirmou que, mais adiante, Bolsonaro "mandou uns interlocutores falarem" com o próprio emedebista. "E repeti o que tenho dito. Primeiro, com toda a franqueza, essa coisa de ele falar naquela saída, naquele cercadinho, isso é péssimo. A palavra do presidente é uma palavra muito forte. Ela faz a agenda do país. E não dá para fazer a pauta do país às 9h30", continuou.
"Recentemente, ele acabou me telefonando. Reiterei o que tenho dito. E eu percebo que tem uns 10, 12 dias que ele parou de dar aquelas entrevistas. Não quero dizer que seja o meu conselho, né? Mas meu conselho, meu palpite, deve ter, talvez, ajudado", disse.
O emedebista, no entanto, criticou protestos contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal, estimulados por Bolsonaro, que chegou a comparecer a algumas manifestações. "Eles estão contrariando o texto constitucional. Todo e qualquer movimento para fechar Congresso, o Supremo, é contra o texto constitucional. Claro que entra a liberdade de expressão. Mas ela tem limite, que é não injuriar, não difamar, não caluniar. Reitero a desaprovação a esses movimentos", disse.
Brasil 247