Pensar que o golpe que pode se concretizar nos próximos dias será apenas contra a presidenta Dilma é ledo engano. Não, o golpe é contra o PT que vem governando o país nestes últimos treze anos. Diga-se de passagem que tanto Lula e Dilma foram eleitos e reeleitos de forma democrática. Mas as forças políticas, muitas delas enraizadas nas famílias oligarcas, e a elite ultraconservadora deste país varonil não engolem isso. Então, se não conseguem tirar o PT do poder através do voto, usam e abusam de artifícios pouco republicanos para tirar. Alegar que o impeachment está na Constituição Federal é só para justificar o golpe. Esse processo de impeachment é frágil, juridicamente inconsistente, um processo injusto, desencadeado contra uma pessoa honesta e inocente.
Está claro que o golpe tem a finalidade de banir o PT do poder e quiçá da política. Se consumado o impeachment sem crime de responsabilidade, teríamos um golpe de Estado. Não pode levar outro nome. Vou plagiar aqui o ex-presidente do Uruguai, Pepe Mujica, quer disse certa vez que "o principal inimigo do socialismo não é o capitalismo, mas o desejo cultural de acumulação".
É isso que as forças políticas enraizadas nas famílias oligarcas e a elite ultraconservadora querem, acumular riqueza, e como os governos petistas realizaram reformas sociais nunca vistas antes neste país, como por exemplo uma empregada doméstica ter todos os direitos trabalhistas, bem como um negro ou um filho de pobre ter acesso a universidade, isso é inaceitável para estas castas dominantes.
Outra: todos os partidos concordam num ponto: querem melar as investigações da Lava Jato, que ameaça a classe política de Brasília de modo ecumênico e apartidário. E isso pode ocorrer tão logo se consuma o golpe. Não se enganem com as declarações que fazem da boca para fora diante dos microfones. Nos bastidores, é fortíssima e incessante a pressão contra os investigadores do Ministério Público e contra o juiz Sérgio Moro. O conflito desta semana entre o procurador-geral Rodrigo Janot e o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, é apenas um sintoma disso. A suspensão da negociação com os advogados do empreiteiro Léo Pinheiro para um acordo de colaboração com a Justiça foi um péssimo sinal. A maior questão é até que ponto o governo Temer resistiria ao avanço das investigações. Vários ministros e o próprio Temer já foram citados em delações – embora neguem todas as acusações.
Portanto, caro leitor, não se iluda. O impeachment é apenas um disfarce. Por trás disso tudo está um verdadeiro jogo de interesses no sentido de manter dormindo a nossa pátria mãe tão distraída sem perceber que está sendo subtraída
em tenebrosas transações.
Dirá o leitor: mas Barbosa os governos do PT também subtraíram a Nação em tenebrosas transações. Concordo em parte. Se verificarmos que quem está por trás do Petrolão, chega-se logo a conclusão de que existem muito mais gente do PMDB e do PP do que do PT. Mas como só interessa varrer os petistas do poder, melhor dar ênfase as delações seletivas que nos meses que antecederam o golpe mereceram capas da Veja, reportagens no Jornal Nacional e manchetes no Estadão, Folha e O Globo.
A minha esperança é que a democracia vai vencer, mais uma vez.
A conferir!