segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Lula sobre FHC: "Compreendo o ódio. Um intelectual ficar assistindo um operário ganhar tudo o que ele queria ter ganhado e não ganhou é difícil"


Lula sobre FHC: "Compreendo o ódio. Um intelectual ficar assistindo um operário ganhar tudo o que ele queria ter ganhado e não ganhou é difícil"


De volta ao Brasil, o presidente Lula(foto) retomou o seu projeto político prioritário: a antecipação do calendário eleitoral de 2010.

Acompanhado de Dilma Rousseff, sua candidata, o presidente compareceu, na noite passada, ao 12º Congresso do PCdoB. Ambos discursaram.

Um dos participantes do congresso enviou ao blog, por e-mail, o áudio do par de discursos. Em texto levado ao seu portal, O PCdoB concentrou-se em Lula.

Presidente e candidata alvejaram o tucanato. Ele respondeu a críticas que recebera na semana que estivera ausente, em Londres. Ela soou como candidata. A certa altura, Lula acusou o PSDB de utilizar tática nazista. Disse ter manuseado duas manchetes de jornal.

Mencionou o título de uma delas: “Contra Lula, PSDB treina cabos eleitorais no Nordeste”. Não citou o nome do jornal. Mas referia-se a uma notícia veiculada pela Folha na edição desta sexta (6).

Comentou: “É um pouco o que o Hitler dizia, para os alemães pegarem os judeus. Ou seja, vamos treinar gente para não permitir que eles sobrevivam”. Respondeu a um artigo de Fernando Henrique Cardoso, publicado em vários jornais no último domingo.

No texto, FHC comparara Lula aos militares. Anotara que instalara-se no Brasil um “autoritarismo popular”. Tachara o “lulismo” de “subperonismo”. Evocando o prêmio que acabara de receber em Londres –“Estadista do Ano”, concedido pela Chatham House-, Lula afirmou:

“Compreendo o ódio. Um intelectual ficar assistindo um operário, que só tem o quarto ano primário, ganhar tudo o que ele queria ter ganhado e não ganhou por incompetência é difícil”.

Ouviram-se palmas, que evoluíram para a ovação. E Lula: “Tem presidente que foi estudar dois, três anos lá fora. Eu não”. Mais adiante, citou o nome de seu detrator: “O Fernando Henrique Cardoso, eu tenho a convicção absoluta, que ele tinha certeza que nós seríamos um fracasso...”

Tinha certeza de “que ele poderia voltar por conta do meu fracasso. É isso que magoa. Então, eu lamento, porque o mundo não deveria ser assim. A gente, quando perde uma coisa, a gente tem que torcer para o outro fazer".

Noutro trecho, Lula soou como se respondesse a Caetano Veloso. O compositor o chamara de “analfabeto”. Dissera que “não sabe falar, é cafona falando, grosseiro”.

“[...] Essa semana eu fui chamado de analfabeto. E nessa mesma semana eu ganhei o título de estadista do ano. Tem muita gente que acha que a inteligência está ligada à quantidade de anos no colégio. Não tem nada mais burro que isso...”

“...Universidade dá conhecimento. Inteligência é outra coisa. E a política é uma das ciências que exigem mais inteligência do que conhecimento. Inteligência para saber montar equipe, tomar decisões, não está nos livros, mas no caráter e na sensibilidade...”

“...Mas não importa. As pessoas falam o que querem e ouvem o que não querem. A vida é dura”. Noutra frase, Lula misturou Caetano e FHC: “Um país governado por um analfabeto vai terminar realizando um governo que mais investiu em educação...”

“...Vamos terminar nosso governo com 14 novas universidades federais. Estamos fazendo uma vez e meia o que eles não fizeram em um século”. Antes, Lula pedira “atenção” da platéia: “[...] Um estranho no ninho pode desmontar tudo que foi feito em apenas dois anos”.