quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Lula: "Falta sensibilidade aos países ricos para o problema da fome, para os pobres do mundo"



A chegada do presidente Lula ao FSM 2011

Lula discursou nesta segunda-feira, 7, como estrela do 11º Fórum Social Mundial.

Algumas passagens de seu discurso:

”Essas reuniões são nosso encontro com as ideologias que diziam estar perdidas. No Fórum nos reunimos para dizer que um outro mundo é possível e necessário. Esse é um sonho que não vamos abandonar nunca”.

“Eu participei do G20. Não pensem que lá tem sensibilidade para o problema da fome, para os pobres do mundo. Só fomos chamados para as reuniões dos países ricos porque eles estavam em crise e precisavam da nossa ajuda”.

“É cada vez mais forte a consciência de que o Consenso de Washington faliu. Aqueles que com arrogância nos davam insttruções não evitaram a crise. Hoje somos parte essencial e incontornável da solução da crise internacional”.

"Até recentemente predominava a tese de que o desenvolvimento só era possível para uma pequena fatia da população, qualquer esforço para afrontar a pobreza era visto, e ainda o é, como assistencialismo e populismo. A história está se encarregando de desmentir essas teorias. Felizmente já não predomina a tese do estado mínimo, mas não podemos substituir um neoliberalismo que faliu por um nacionalismo primitivo e autoritário”.

Lula disse que a Rodada Doha só não foi finalizada em 2008 porque os EUA não quiseram: “Mas essa não é uma briga só de presidentes, também de ativistas como vocês”.

A África mereceu destaque no discurso, ao analisar que os países ricos precisam dos país emergentes para sair da crise, e passa pela inclusão dos cidadãos africanos à economia mundial:

“É hora de colocar o desenvolvimento e a democracia no centro da agenda africana e mundial... mais do que ajuda, a África precisa de oportunidade”.

“Nos 29 países que visitei como presidente constatei a vitalidade com que esse continente irmão afirma seu desenvolvimento, sem ingerências externas e com democracia... A África tem um futuro extraordinário, e esse futuro está chegando”.

Lula ainda pediu soluções para a África alcançar a independência na sua produção de alimentos: "Não há soberania real sem soberania alimentar", afirmou.

Ele relembrou que o Brasil tem a segunda maior comunidade negra do mundo, só atrás da Nigéria, e voltou a pedir desculpas pela mácula da escravidão no passado do Brasil.

Falou sobre os “ventos que sacodem o norte da África”, como na Tunísia e Egito.

Muito aplaudido, pediu o reconhecimento do estado palestino “economicamente viável, socialmente integrado e que esteja em paz com Israel”.

Em sua fala, Lula também destacou as conquistas sociais de seu governo, como a criação de 15 milhões de empregos com carteira assinada e o aumento real do salário mínimo.