A tentação de culpar Lula pelo crescimento do crime organizado no país é grande e em breve atrairá vozes estridentes. Algumas delas já reclamam da incapacidade do governo de devolver a paz ao conflagrado estado do Rio Grande do Norte.
Mas como não foi Lula que governou o país nos últimos 4 anos, nem nos últimos 8, nem nos últimos 12, talvez soe precipitado crucificá-lo. Também não foi ele que estimulou a população a se armar sabendo que parte das armas cairia nas mãos de criminosos.
Se pode servir de consolo a Lula, dá para inferir que ele não sabia que no dia seguinte a Polícia Federal iria prender integrantes do PCC, a facção mais famosa do crime organizado, que planejavam matar o ex-juiz Sérgio Moro e outras autoridades públicas.
E não era para saber. Como órgão de Estado, a Polícia Federal não informa com antecedência a ninguém sobre o que fará amanhã ou daqui a pouco, nem mesmo ao ministro da Justiça ao qual está subordinada, quanto mais ao presidente da República.
É razoável supor que se Lula tivesse sido informado sobre a operação, calasse sobre o que lhe passava pela cabeça nos 580 dias de prisão em Curitiba. Seus instintos mais primitivos estavam à flor da pele. Ele queria vingar-se do juiz parcial que o condenara.
Que ironia! Lula só pensava em “foder” Moro. Pois foi no seu governo que Moro escapou de morrer. Se Moro tivesse sido assassinado culpariam o governo. Como foi avisado há dois meses e era protegido, culpam o governo da mesma forma. Quem culpa?
Os derrotados nas eleições passadas que afinal viveram um dia de glória depois de semanas sob o sufoco do escândalo das joias enviadas de presente pela ditadura da Arábia Saudita para o casal Bolsonaro – um agradinho no valor de quase 17 milhões de reais.
Ricardo Noblat