Do Agora RN - O ex-deputado federal Henrique Eduardo Alves (PSB) não pretende mais ser candidato a nenhum cargo eletivo nem assumir qualquer função política. Foi o que ele garantiu nesta terça-feira 18, em entrevista à 96 FM.
Ao tratar sobre seu antigo partido, o MDB, ele deu detalhes até hoje não revelados do pleito de 2022 e afirmou que ainda carrega uma ferida “não cicatrizada” após ter sido obrigado a deixar a sigla para poder concorrer a deputado federal na campanha daquele ano.
“A saída do MDB, até hoje eu tenho uma dor não cicatrizada, porque foram 52 anos de MDB”, declarou o ex-ministro e ex-presidente da Câmara dos Deputados.
Antes de deixar o partido, Henrique lembra que soube que o MDB não lhe daria a legenda, o que o impediria de disputar o cargo de deputado federal, função que ele assumiu por 11 mandatos consecutivos.
Diante do impasse, Henrique disse ter procurado o presidente nacional do partido, deputado federal Baleia Rossi, mas nem o diálogo com o correligionário impediu sua saída do MDB.
“Eu passei três dias e três noites tentando fazer a carta de despedida do MDB e não conseguia. Eu fazia, quando ia ver de noite, a emoção, eu rasgava. Faltando dois dias eu fazia, a emoção, eu rasgava”, conta Henrique.
Só com ajuda de sua esposa, a jornalista Laurita Arruda, Henrique conseguiu concluir o texto e publicar sua despedida do partido após 52 anos de MDB. “Imagine com que dor, que eu digo até hoje não cicatrizada”, lembra.
Henrique revelou ainda que cogitou abandonar a campanha de 2022 ao ser acometido de uma forte dor no quadril que o impedia de caminhar longas distâncias. Ao procurar um médico, ele foi orientado a andar apenas um quilômetro por dia, o que inviabilizaria o planejamento da campanha, já que ele pretendia visitar 142 municípios.
Em paralelo ao isso, Alves afirma que o PSB não cumpriu o acertado formalmente, reduzindo os valores do fundo partidário para todos os candidatos, inclusive para Rafael Motta, então candidato a senador naquele pleito.
O problema que abalou a saúde de Henrique, segundo conta, foi um desgaste na cartilagem na área do fêmur. No final das contas, ele só conseguiu visitar 36 municípios e obteve apenas 11.630 votos.
“Eu parei completamente a campanha e fiz mais, eu e Laurita, sempre nós dois, fizemos uma carta desistindo da candidatura, isso no comecinho de setembro. Redigi, dei detalhes na carta, contei dos problemas de saúde, estrutura e disse que estava renunciando a candidatura”, afirma.
A carta foi entregue ao ex-deputado Ricardo Motta, pai de Rafael, que convenceu Henrique a continuar na campanha. “Ele disse: Henrique, não faça isso, você vai acabar com o sonho do meu filho”, lembrou, emocionado, Henrique Alves.
A partir disso, o ex-deputado disse ter mantido a campanha, mas dentro de suas limitações de saúde, ficando em casa na maior parte dos dias.
Ainda com o problema a ser resolvido, Henrique será submetido a uma cirurgia em agosto para colocação de uma prótese no fêmur.
MDB e política partidária
Após as frustrações, Henrique garantiu que não vai mais exercer a política partidária, mas que vai continuar ajudando o Rio Grande do Norte no que for necessário.
“Eu já cumpri a minha missão, já encerrei a carreira, não sou mais candidato, nem no dia a dia da política partidária”, asseverou. Henrique também rechaçou a ideia de assumir algum cargo em Brasília.
“A política para mim, com muita honra e gratidão ao Rio Grande do Norte, eu fiz quando pude fazer”, pontua.
Erro em 2014
Sobre a candidatura a governador em 2014, quando perdeu no segundo turno para Robinson Faria, Henrique disse que não se arrepende e faria tudo novamente. Ele avalia, no entanto, que cometeu um erro estratégico ao rejeitar aliança com Fátima Bezerra (PT), que concorreu ao Senado naquele ano.
“Eu errei porque eu disse não a ela e optei por Wilma. Pela pressão aqui de Natal eu optei por Wilma senadora e disse não a Fátima. E ela, portanto, foi senadora com o candidato Robinson”, lembra.
“Aí onde o erro foi maior, porque quando eu vejo no 2º turno está Lula, meu presidente Lula, que como líder e presidente da Câmara eu apoiava e a informação que eu tinha é que ele não participaria da campanha. Mas quando eu vejo está ele gravando conversando com Robinson, que ele nem conhecia, nem sabia quem era nem para onde ia, e ele conversando com Robinson na maior intimidade”, lembra Alves, ressaltando que esse foi seu maior erro.
FONTE: opotiguar.com.br