O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem demonstrado preocupação com o desempenho do governo Dilma Rousseff e seus reflexos sobre o projeto de poder do PT.
Para discutir a situação, marcou uma reunião com a presidente para a segunda quinzena de janeiro.
Na avaliação do petista, segundo interlocutores, Dilma precisa "destravar" sua administração, entre outras razões para segurar sua alta popularidade em um ano desafiador como 2013.
No fim do ano passado, o ex-presidente foi procurado por empresários, banqueiros, políticos e líderes de movimentos sociais.
Além das queixas já tradicionais sobre o "estilo Dilma", desta vez Lula ouviu e concordou ao menos em parte com reclamações diversas: falta de interlocução, excesso de centralização e, para alguns, o intervencionismo da União na economia, este reforçado no ano passado com medidas no setor elétrico.
O estilo "centralizador" e "pouco acessível" da presidente é sempre lembrado nos encontros, e até mesmo servidores da Esplanada já fizeram chegar a Lula apreensão com a falta de autonomia. Aos conhecidos, o petista tem repetido seu mantra segundo o qual o terceiro ano do mandatário é o mais crucial. No caso de um candidato à reeleição, ainda mais.
Em novembro, durante encontro no Palácio da Alvorada, Lula já havia falado sobre "soltar o governo", mas de forma muito cuidadosa.
Com efeito, nesta semana Dilma recebeu vários empresários no Planalto.
A nova reunião está prevista para a segunda quinzena de janeiro, provavelmente entre os dias 18 e 20.
Na pauta, um planejamento setorial dos gargalos da economia, incluindo a análise de obras e projetos estratégicos que precisam sair do papel ou ganhar mais ritmo.
Haverá, ainda, a pré-definição de uma agenda de viagens presidenciais para dar visibilidade às ações do governo.
A proposta embute a avaliação, também crítica no PT, de que Dilma saiu pouco do Planalto nos dois primeiros anos e de que este é um governo que não se comunica ou define uma marca.
Enquanto isso, os problemas se avolumam na área econômica e energética, como a dificuldade de cumprir a promessa feita na TV de reduzir a conta de luz com os reservatórios das hidrelétricas em níveis baixos.
Na política, a avaliação de petistas é a de que é preciso se aproximar mais da base de sustentação no Congresso para tentar evitar uma diáspora de partidos rumo a eventuais adversários do PT em 2014. O governador Eduardo Campos (PSB-PE) tem sido um ímã entre aqueles decepcionados com o estilo Dilma.