O primeiro golpista, talvez o maior de todos, já se foi. Numa votação humilhante com um placar de 450 votos a favor e apenas 10 contra, o "todo poderoso" Eduardo Cunha teve o seu mandato de deputado cassado. Cunha agora está inelegível por oito anos. Tomara que abandone a vida pública, o Brasil agradece. Agora, resta-nos esperar o Fora Temer que já começa a criar corpo.
O mentor do golpe, Eduardo Cunha, deixa a vida pública e de mordomias depois de mais de nove meses de manobras e muita polêmica. Um episódio que começou em 15 de março, com a alegada mentira do peemedebista de que não tinha contas na Suíça.
Sem o mandato parlamentar, ex-presidente da Câmara perde a prerrogativa de ser julgado pelo Supremo e deve ter processos enviados ao juiz Sérgio Moro que já proferiu 106 condenações na Lava Jato. Veja as encrencas judiciais que acompanharão Cunha na Justiça.
Navios-sonda
Em 3 de março, por unanimidade, o STF aceitou a primeira denúncia contra Eduardo Cunha pela suspeita de recebimento de propina pela venda de navios-sonda da Petrobras. Nesse processo, o deputado é acusado de receber US$ 5 milhões pagos como propina para liberar contrato do estaleiro Samsung Heavy. Segundo a PGR, o deputado usou requerimentos para chantagear o lobista Júlio Camargo e o grupo Mitsui a pagarem esse valor. É réu por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Contas na Suíça
Em 22 de junho, o Supremo aceitou, também por unanimidade, denúncia da Procuradoria-Geral da República de que Cunha manteve contas secretas na Suíça abastecidas com dinheiro desviado de contratos da Petrobras. O relator da Operação Lava Jato, Teori Zavascki, argumentou que há “indícios robustos” para abrir a ação penal contra o peemedebista e apurar os crimes de lavagem de dinheiro, corrupção passiva, evasão fiscal e falsidade eleitoral.
Porto Maravilha
Em 10 de junho, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentou uma terceira denúncia contra Cunha pela suspeita de recebimento de propina de R$ 52 milhões em obras no Porto Maravilha. De acordo com a acusação, o dinheiro foi pago mediante liberação de recursos da Caixa Econômica Federal a empreiteiras para benfeitorias do terminal no Rio. Ex-vice-presidente da Caixa indicado por Eduardo Cunha para o cargo, Fabio Cleto disse, em delação premiada, que o deputado recebeu essa propina em uma conta no Uruguai.
Schahin
O Ministério Público Federal ainda acusa o peemedebista de se utilizar de requerimentos parlamentares para pressionar donos do grupo Schahin a manter contratos com o doleiro Lúcio Funaro. Os procuradores alegam que, como pagamento, Cunha recebeu a quitação de dívidas de alguns carros que estão em nome de uma produtora pertencente à sua família.
BTG Pactual
É investigado junto com o dono do BTG Pactual, André Esteves, por corrupção e lavagem de dinheiro. O inquérito apura se Cunha vendeu emendas parlamentares que beneficiaram o BTG. Relator da Lava Jato, o ministro Teori Zavascki concluiu que o caso não está relacionado aos desvios apurados na operação e abdicou da relatoria.
Setor elétrico
É acusado pelo procurador-geral da República de “liderar uma célula criminosa em Furnas”, empresa subsidiária da Eletrobras investigada na Operação Lava Jato. Conforme depoimento de delação premiada do ex-senador cassado Delcídio do Amaral (MS), Cunha atuou na Câmara para alterar a legislação do setor elétrico, entre 2007 e 2008, a fim de favorecer a empresa Serra da Carioca II, na venda de ações para Furnas, e o doleiro Lúcio Funaro, considerado operador financeiro de Cunha.
FGTS
Segundo o delator Fábio Cleto, ex-vice-presidente da Caixa Econômica Federal, 1% dos contratos com recursos do Fundo de Investimento do FGTS era desviado em forma de propina. Desse percentual, 80% ficavam com Cunha, segundo acerto com o doleiro Lúcio Funaro.
Agora o que se espera é que o juiz Sérgio Moro mande prender Eduardo Cunha. Esse sim, tem motivos mais do que suficiente.
Ah, antes que esqueça:
Fora Temer!