Líderes da América Latina fizeram um apelo ao candidato à Presidência do PDT, Ciro Gomes, para que ele deixe a corrida ao Palácio do Planalto e apoie o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O pedido foi feito em uma carta aberta assinada por nomes como o do ex-presidente do Equador, Rafael Correa, e pelo argentino Adolfo Pérez Esquivel, ganhador do prêmio Nobel da Paz de 1980.
O pedetista está sendo pressionado, inclusive por colegas do partido, para que reconsidere sua postura na disputa presidencial e endosse o petista, seu ex-aliado e atual desafeto.
O texto, escrito em espanhol, é intitulado “Carta aberta a Ciro Gomes: o que precisa ser feito para deter Bolsonaro”. Direcionado diretamente ao pedetista, os líderes latino-americanos se dizem “perplexos” com a insistência em manter sua candidatura à Presidência em uma disputa que classificam como “ponto de virada histórico”.
O texto, que chama Ciro de “lutador pelas boas causas do povo brasileiro”, justifica o pedido a Ciro alegando que o pleito desde ano não se resume a uma disputa entre Lula e o presidente Jair Bolsonaro (PL), mas sim “entre o fascismo e a democracia”.
Estagnado nas pesquisas eleitorais com 7% das intenções de voto, Ciro tem sido alvo de ofensivas para que repense sua candidatura à Presidência e apoie Lula contra Bolsonaro. Os apelos são feitos até mesmo dentro do próprio partido. Membros históricos do PDT, inclusive, pedem para que o ex-ministro cesse os ataques contra o petista, já que a postura tem sido vista por correligionários como uma ajuda a Bolsonaro.
Nesta semana, o ex-deputado e pedetista histórico Haroldo Ferreira pediu o afastamento do diretório nacional do PDT e da vice-presidência da Fundação Leonel Brizola por conta da postura de Ciro. Ferreira defende que o partido apoie, já no primeiro turno, Lula, quem classifica como o único candidato viável da oposição contra Bolsonaro.
O agora ex-dirigente nacional do PDT critica Ciro por fazer uma campanha “odiosa” contra o ex-presidente. Ele atribui a estratégia ao marqueteiro João Santana, que foi responsável pelas campanhas bem sucedidas de Lula e da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Contratado pelo pedetista no ano passado, o marqueteiro tem sido criticado internamente por aliados de Ciro.
— Nós aprovamos Ciro Gomes para ser candidato a presidente. Porém, a partir de um determinado ponto, Ciro puxa o João Santana para ser seu marqueteiro, e aí começam as surpresas. Essa não é uma campanha baseada na história e legado do PDT, mas na desconstrução de Lula, com ataques pessoas, familiares — diz Ferreira, que completa: — É uma campanha odiosa. A estratégia é ruim e a tática é suicida.
O Globo