Apesar de ter surgido em 2014 no estado de São Paulo, a Operação Lava Jato no estado segue em ritmo lento e sem muitos desdobramentos. O resultado da investigação no estado é infinitamente inferior se comparado com os processos que tramitam na 13ª Vara Federal em Curitiba, sob a coordenação do juiz Sérgio Moro. Até o momento, em São Paulo, apenas 11 inquéritos cíveis foram instaurados, sendo que três foram arquivados. As informações foram publicadas no jornal O Estado de S. Paulo deste domingo (12).
De acordo com a reportagem, os promotores paulistas alegam que as investigações não avançam devido a negativa do magistrado Sérgio Moro em compartilhar informações de casos envolvendo contratos do governo estadual com empresas investigadas. A situação estaria ocorrendo em pelo menos três processos. Com o impasse, os rumos dos inquéritos caminham para o arquivamento. No último ano, Moro teria negado pelo menos dois pedidos do Ministério Público de São Paulo.
Em agosto de 2016, o MP de São Paulo pediu cópia das anotações apreendidas pela Polícia Federal que traziam referências de suposto pagamento de propina no contrato para obras na rodovia Mogi-Dutra. Os promotores suspeitam que cerca de 5% do contrato, R$ 68 milhões, teriam sido desviados no conhecido esquema de pagamentos ilegais. Ao jornal, o promotor Marcelo Milani, responsável por três processos, relata pedido negado por Moro e afirma que este é o motivo pelo qual o caso segue sem desdobramento.” Minha investigação não avança mais por causa desse indeferimento”, disse o promotor. Para justificar sua decisão, Moro afirmou que a investigação ainda estava em curso.
Além da negativa no repasse de informações, o Ministério Público de São Paulo ainda tem de lidar com a recusa dos investigados em prestar informações. Dante do Ministério Publico de São Paulo, investigados, quando convocados, se recusam a falar sob a alegação de que qualquer palavra poderia ferir os acordos de delação firmados com a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba. Esse é o caso de Benedicto Barbosa da Silva Júnior, ex-presidente do setor de Infraestrutura da Odebrecht e um dos principais executivos da empreiteira baiana, e do ex-presidente da OAS José Adelmário Pinheiro, o Léo Pinheiro. Recentemente o magistrado convocou os dois para prestar esclarecimentos e obteve a mesma resposta, conforme apontou a reportagem.
Questionado pelo jornal, a assessoria da Justiça Federal em Curitiba não comentou as críticas.