A explicação da candidata Marina Silva (PSB) nesta quarta-feira no
Jornal Nacional sobre o uso do avião na campanha de Eduardo Campos
revelou uma contradição nas versões apresentadas até agora sobre o
negócio. Enquanto a candidata diz que haveria um pagamento pelo uso da
aeronave, o PSB informou, em nota divulgada na véspera, que os
empresários autorizaram o uso do avião e que as horas de voo seriam
contabilizadas ao fim da campanha, com a emissão de um recibo eleitoral.
Esse tipo de recibo é utilizado apenas para registrar doações. O Globo
questionou o PSB sobre a contradição, mas não obteve resposta até a
publicação da matéria.
Em dois momentos, durante a entrevista ao JN, a candidata repetiu que
haveria pagamento aos empresários apontados pelo PSB como donos do
avião.
— Nós tínhamos uma informação de que era um empréstimo e que seria feito
um ressarcimento no prazo legal, que pode ser feito, segundo a própria
justiça eleitoral, até o encerramento da campanha e que esse
ressarcimento seria feito pelo comitê financeiro do candidato — disse
Marina. — O rigor é o de tomar as informações com aqueles que deveriam
prestar as informações sobre a forma com que aquele avião estava
prestando o serviço e a forma como estava sendo prestando o serviço era
por um empréstimo que seria ressarcido pelo comitê financeiro —
ressaltou, posteriormente.
O jato, de prefixo PR-AFA, caiu em Santos (SP) há duas semanas, matando o
ex-governador Eduardo Campos e mais seis pessoas. Pelo posicionamento
de Marina, o uso da aeronave seria lançado na prestação de contas como
uma despesa. Com isso, o partido teria de repassar recursos obtidos de
outros doadores aos empresários que cederam o jato para a campanha.
O PSB, porém, em nota assinada pelo presidente Roberto Amaral, afirmou
na terça-feira que o uso foi “autorizado” pelos empresários e que, no
final da campanha, seria feita a soma das horas de voo e a emissão do
recibo eleitoral.