Há políticos que ainda acreditam que a traição é uma jogada inteligente, uma estratégia dentro do jogo pelo poder. Enganam-se. A traição pode até garantir um cargo, uma vantagem momentânea ou alguns minutos de influência, mas deixa um rastro que o tempo não apaga: o da desconfiança.
Quando um político quebra a palavra, ele não trai apenas um aliado. Trai a própria história, o eleitor que acreditou e a esperança de que a política ainda possa ter decência e caráter. Num ambiente repleto de acordos e promessas, a palavra continua sendo o bem mais valioso. Sem ela, nenhum pacto se sustenta.
A política vive de alianças, mas também de princípios. E aquele que transforma lealdade em moeda de troca mostra que não tem rumo nem raiz. Hoje se alia, amanhã renega; hoje jura fidelidade, amanhã conspira. Pode até conseguir vitórias pontuais, mas o preço é alto: perde o respeito, destrói reputações e mancha para sempre a própria biografia.
O dilema do traidor é inevitável. Ele pode até vencer no presente, mas carrega para sempre a marca da inconstância. Nenhum grupo confia, nenhum lado acolhe, nenhum eleitor esquece.
O poder muda de mãos e os cargos passam, o que permanece é a reputação. E essa não se compra, não se negocia, nem se recupera.
O político que quebra a palavra pode até chegar ao topo por um instante, mas logo sente o peso do que se tornou: um homem sem palavra — e, portanto, sem valor.
Já dizia Leonel Brizola : "A política AMA a traíção, mas ABOMINA o traídor"