Nos últimos anos, o cenário político brasileiro tem revelado uma crescente e preocupante mistura entre fé e disputa eleitoral. O que antes eram espaços destinados exclusivamente à espiritualidade, ao aconselhamento e à reflexão, hoje muitas vezes se transformam em verdadeiros palanques improvisados.
Pastores, obreiros e dirigentes religiosos se misturam com deputados, governadores, prefeitos e vereadores e passam a utilizar o púlpito como ferramenta de projeção política.
Púlpitos — antes dedicados à palavra sagrada — se tornaram vitrines para candidatos, e líderes religiosos passaram a agir como cabos eleitorais de luxo.
A relação entre religião e política não é nova, mas a intensidade com que essa união tem sido explorada chama a atenção. Em diversas comunidades, líderes religiosos passaram a direcionar votos, promover candidaturas e influenciar o comportamento eleitoral de seus fiéis.
Não por acaso, o número de políticos que se intitulam “pastores” e acabaram presos ou investigados pelo Ministério Público Federal cresceu de forma assustadora. Esse movimento revela que a religião, em alguns casos, tem servido de abrigo para figuras que agem como verdadeiras aves de rapina, utilizando a fé alheia como instrumento de poder.
Um dos casos mais emblemáticos é o do pastor Everaldo. Conhecido nacionalmente, ele ganhou ainda mais projeção por ter realizado o batismo do ex-presidente Jair Bolsonaro. No entanto, sua imagem religiosa não resistiu às investigações: Everaldo foi preso por corrupção. A cena escancara uma verdade incômoda: para alguns, o título de “pastor” virou estratégia eleitoral, não compromisso moral.
A instrumentalização da fé é um ataque frontal à democracia, que se sustenta na liberdade de consciência — não na manipulação da crença alheia.
Religião não é extensão de gabinete político, e púlpito não é palanque. Enquanto esse limite não for respeitado, continuaremos vendo a espiritualidade usada como fachada, e a fé do povo brasileiro explorada como capital eleitoral.
Jesus chora ao ver essa cena...

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