sábado, 8 de dezembro de 2012

A MESMA CARA...


Duas imagens que valem por mil palavras.

Acima, a presidente Dilma Rousseff aparece sendo interrogada, aos 22 anos, na década de 1970, na Auditoria Militar. Abaixo, flagrante do velório de Oscar Niemeyer feito pelo fotógrafo Gustavo Miranda, da Agência Globo. É sobre ela que Paulo Nogueira discorre. “De uma coisa não se pode acusar Dilma: de hipocrisia”, diz o jornalista.

Faz sentido. Segue o texto:

Por Paulo Nogueira
Sobre a foto de Dilma e Joaquim Barbosa no velório de Niemeyer

Uma coisa é certa: a foto não vai para o álbum de nenhum dos dois



Sorriso unilateral

De uma coisa não se pode acusar Dilma: de hipocrisia. É flagrante, é torrencial, é irreprimível o mal estar que a figura de Joaquim Barbosa provoca nela, como mostra a foto que o fotógrafo Gustavo Miranda, da Agência Globo, captou no velório de Oscar Niemeyer.

É o olhar de alguém que está oscilando entre o desprezo e o ódio, e que provavelmente se tenha visto na contingência de calar o que sente.

Que detalhes conhecerá Dilma das andanças de Barbosa por apoio político para ser nomeado para o STF? Ou será que ela não perdoa o que julga ser deslealdade e ingratidão de JB perante o homem a quem ambos devem o cargo, Lula?

Interessante examinar o rosto de JB no encontro. Ali está um sorriso de quem espera aprovação, compreensão, atenção – ou pelo menos um sorriso de volta, ainda que protocolar e falso.

Mas não.

O que ele recebe de volta é um olhar glacial, uma mensagem clara da baixa opinião de Dilma sobre ele. Parece estar acima das forças de Dilma fingir que não sente o que sente, ainda que por frações de segundo. A fotografia não vai para o álbum de lembranças de nenhum dos dois.

A franqueza por vezes desconcertante é uma característica de quem, como ela, não fez carreira na política. Fosse uma política, esta foto não existiria, não pelo menos deste jeito singular, e seria uma pena porque esta é uma das imagens que decerto marcarão a República sob Dilma, de um lado, e Barbosa, de outro.

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