O diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Maiurino, decidiu trocar o chefe da superintendência no Distrito Federal. Hugo de Barros Correia entrou já nesta gestão, no meio de maio, ou seja, menos de cinco meses.
Apesar de ter sido nomeado pela atual direção, o policial foi uma indicação de outros delegados, acolhida por Maiurino. Eles nunca tiveram proximidade. O órgão no DF virou um ponto de incômodo para a cúpula da PF.
Lá estão algumas das mais sensíveis apurações em andamento atualmente, como os inquéritos sob relatoria de Alexandre de Moraes, do STF, o de fake news, o sobre organização criminosa dos atos antidemocráticos e o da live com ataques às urnas eletrônicas feita por Jair Bolsonaro.
Na superintendência também está a investigação sobre Jair Renan, filho 04 do presidente. Recentemente, saiu de lá uma operação contra desvios de recursos no Ministério da Saúde.
A irritação de Maiurino com o DF começou nos primeiros dez dias após ter nomeado Correia, quando o então ministro Ricardo Salles foi alvo de busca e apreensão.
A operação foi criticada pela cúpula, sob argumentos diversos, como supostas falhas na apuração e também ausência de necessidade de divulgação das medidas judiciais cumpridas, o que é praxe na PF.
Episódios semelhantes se acumularam desde então. Entre outros acontecimentos, a direção da PF vetou uma nomeação escolhida por Correia. O delegado Franco Perazzoni iria assumir um cargo de chefia na superintendência, mas o processo foi encerrado. Ele era o responsável pela investigação de Salles.
Desde que chegou ao posto de diretor-geral, Maiurino tem tirado do cargo aqueles que não se enquadram ao seu modelo. Essa é uma das primeiras mudanças significativas envolvendo uma nomeação que ele mesmo fez.
Roberto Flávio