sexta-feira, 9 de novembro de 2012

POR QUE SAÍ DA VEJA...




Cynara Menezes decidiu compartilhar com seus leitores episódios marcantes de sua passagem por várias redações de São Paulo, em especial “Veja”. Sua narrativa é leve e agradável. Impossível resistir a essa Morena Socialista. Confiram:

No final de 1997, após minha aventura espanhola –economizei um dinheirinho e fui estudar Literatura Espanhola e Hispanoamericana em Madri–, voltei ao Brasil para morar em São Paulo. Desempregada, fui convidada por uma grande amiga a fazer um frila para a revista Marie Claire, onde ela era editora: uma entrevista com o pré-candidato a presidente Ciro Gomes que acabou sendo um dos mais marcantes trabalhos da minha carreira. Ciro abriu a alma, talvez mais do que gostaria, e a matéria de uma revista feminina surpreendentemente repercutiu em todos os jornais.

O sucesso foi tão grande que aquela entrevista, publicada na edição de janeiro do ano seguinte, foi a responsável por minha reinserção no mercado brasileiro após dois anos fora. Fui sondada por alguns veículos e acabei sendo convidada para voltar à Folha de S.Paulo, onde havia trabalhado na sucursal de Brasília, para ocupar uma vaga na editoria de Cotidiano. Meses depois, mudei para a Ilustrada, que almejava quando fui para a Espanha. (Qualquer hora tiro um tempinho para digitar a entrevista com o Ciro e postar aqui para vocês. É muito divertida.)

Sete anos mais tarde, em maio de 2004, eu estava havia apenas três meses trabalhando no Estadão quando a mesma querida amiga me procurou para fazer um convite: iria assumir a editoria de Brasil da revista Veja e queria que eu fosse para lá fazer coisas bacanas, reportagens especiais, entrevistas. “Quem você gostaria de entrevistar?”, ela perguntou. Respondi que sempre quis entrevistar Diego Maradona sobre política. Até hoje acho que seria uma entrevista e tanto. Ela ficou entusiasmada e eu também. Mas e hard news?, perguntei. Este nunca foi meu forte. “Ah, você vai ter que fazer, mas ocasionalmente”. Pensei uns dias e topei. Lembro que até comprei, num sebo de São Paulo, um livro de Oriana Falacci, a grande entrevistadora italiana, para me inspirar…
Costumo dizer que existem dois tipos de repórteres: os que têm boas fontes e apuram muito, mas têm um texto apenas razoável, e os que não têm tantas fontes nem são incríveis apuradores, mas escrevem bem.

Eu não tenho fonte nenhuma e apuro o suficiente; o texto é o diferencial. Portanto, o primeiro choque para mim após a estreia na Veja foi que a alentada matéria de capa sobre corrupção que eu e dois colegas apuramos não foi escrita por nós. Eu escrevi o texto inteirinho. E ele foi inteirinho modificado para publicação. Obviamente não recebi aquilo de bom grado, mas uma colega que estava lá há mais tempo me acalmou dizendo que logo eu “pegaria o jeito” para escrever no estilo da revista e não mexeriam tanto no texto. Continuar lendo →

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