sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Tensão cresce em área indígena de MT após fim de prazo para saída de posseiros

Terminou nesta quinta-feira (6) o prazo de 30 dias estabelecido pela Justiça Federal para que posseiros deixassem a área indígena de Marãiwatsédé, no nordeste de Mato Grosso.

As famílias que ocupam a área desde 1992 estão agora obrigadas a sair da terra indígena de 165 mil hectares.



Homologada em 1998, Marãiwatsédé abrange os municípios de Alto Boa Vista, Bom Jesus do Araguaia e São Félix do Araguaia.

A Secretaria-Geral da Presidência da República informou que a retirada das famílias deve começar na segunda-feira (10), por 31 grandes propriedades.

Até ontem, apenas 150 pessoas haviam sido cadastradas pelo Incra, órgão do governo federal responsável pela regularização fundiária no país, de acordo com Nilton Tubino, da Secretaria-Geral.

Segundo o último censo do IBGE (2010), vivem em Marãiwatsédé 2.427 pessoas, das quais apenas 767 se declararam indígenas. A associação local de produtores rurais diz que 7.000 pessoas serão despejadas.

Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e Força Nacional de Segurança Pública estão na área. O efetivo não foi divulgado por questões estratégicas.

Noventa militares também estão em Mato Grosso, mas, segundo o Exército, apenas para dar apoio logístico.

Na quarta-feira (5), cerca de 200 manifestantes bloquearam o entroncamento da BR-158 com a MT-242, no distrito de Posto da Mata, em Alto Boa Vista (1.045 km de Cuiabá). As rodovias são utilizadas para escoar produção.

A intenção, segundo o prefeito de Alto Boa Vista, Wanderley Perim (PR), é conseguir um prazo maior para a retirada das famílias.

Perim diz que o clima é "muito tenso" no município. "[Tem] muita gente dizendo que só sai morto", afirmou.

O advogado que representa os posseiros, Luiz Alfredo de Abreu, disse que tenta reverter a liminar que determina a saída das famílias.

Abreu desligou o telefone antes do fim da entrevista. Ele disse que não falaria mais com a Folha por avaliar que as reportagens publicadas sobre a disputa judicial eram "tendenciosas".

Três oficiais de Justiça devem conduzir a retirada das famílias. "Nossa ideia é em nenhum momento usar qualquer força. Vamos conversar, evitar conflitos", disse Tubino, coordenador-geral dos Movimentos do Campo e Territórios da Secretaria-Geral da Presidência da República.

Sete caminhões devem ser utilizados para ajudar as famílias a retirar seus objetos, inclusive tijolos e telhas dos imóveis que serão deixados.

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