terça-feira, 9 de agosto de 2016

COLUNA DO BARBOSA: "Temer, Padilha, Serra e Skaf na delação da Odebrecht. E não diga que não falei de flores"

O presidente interino Michel Temer foi citado nas negociações de delação premiada de Marcelo Odebrecht e executivos da empresa – considerada uma das explosivas na história da Operação Lava Jato. Documentos obtidos pela revista Veja revelam detalhes sobre um jantar realizado em maio de 2014 no Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente. Na ocasião, Temer recebeu o atual ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, e o presidente da maior empreiteira do país, para quem pediu “apoio financeiro”.
De acordo com a reportagem, Marcelo Odebrecht aceitou colaborar, tendo em vista a dimensão do partido presidido à época por Temer, além do próprio cargo ocupado pelo peemedebista. Assim, o empresário fez repasses entre agosto e setembro de 2014 que somaram R$ 10 milhões, em dinheiro vivo. Deste total, R$ 6 milhões foram para Padilha e os R$ 4 milhões restantes tiveram como destinatário o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf – então candidato ao governo de São Paulo e apontado como o responsável pela articulação do jantar no Jaburu.
O ministro de Relações Exteriores, José Serra (PSDB), é um dos alvos das revelações feitas por executivos da Odebrecht no processo de negociação de acordo de delação premiada. Segundo reportagem do jornal Folha de S.Paulo, deste domingo (7) o senador licenciado recebeu R$ 23 milhões da construtora via caixa dois para a campanha de 2010, quando o tucano disputou a Presidência da República.
De acordo com as informações fornecidas por funcionários da empresa aos procuradores da força-tarefa e da Procuradoria-Geral da República, os repasses foram depositados no Brasil e em contas no exterior. Para embasar a acusação, a Odebrecht promete apresentar extratos bancários de pagamentos realizados fora do país que tinham como destinatária final a campanha de Serra.
Não, caro leitor. Não estou falando de Lula nem da presidenta Dilma afastada do cargo através de um golpe torpe. Traduzindo, um golpe que contraria ou fere os bons costumes, a decência, a moral; que revela caráter vil; ignóbil, indecoroso, infame. Quer mais: que causa repulsa; asqueroso, nojento.
Estou falando do presidente interino Michel Temer (PMDB), de seu ministro-chefe da Casa Civil, Elizeu Padilha (PMDB) e do ministro das Relações Exteriores, José Serra (PSDB). Além, claro, do presidente da poderosa Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de S. Paulo). Os fatos narrados acima foram publicados na Veja e na Folha. Sim, eu disse Veja e Folha.
E mais: o jornalista Josias de Souza disse também em seu blog, hospedado no UOL, que nos últimos dias, Michel Temer revelou-se especialmente preocupado com o tempo. Seu relógio parece não ter ponteiros, mas espadas. O substituto constitucional de Dilma Rousseff tem pressa. Quer saltar do crepúsculo da interinidade e, sem mais demora, entrar no porvir da Presidência efetiva.
Temer alega que não ficaria bem comparecer à reunião do G-20, na China, nos dias 4 e 5 de setembro, com o rótulo de interino ainda grudado na testa. A justificativa parece frágil. Há na praça um motivo mais plausível para o interesse de Temer de imprimir ao julgamento do impeachment um ritmo de toque de caixa: a delação da cúpula da Odebrecht. A delação da Odebrecht, revelado pela Veja, explica a pressa de Temer no impeachment, conclui o jornalista.
Aí eu digo: como pode se aceitar como natural um governo golpista e ainda por cima improbo? Não, não estou aqui defendendo Lula ou Dilma, mas também não sou ingênuo a ponto de pensar que se Temer permanecer como presidente as coisas vão melhorar, a corrupção vai acabar. É preciso ser destituído de qualquer malícia para achar que Temer será o "Salvador da Pátria". As vaias recebidas pelo presidente interino no Maracanã, na abertura das Olimpíadas do Rio na última sexta-feira (5) retratam bem o que estou falando.
A conferir!

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