A política potiguar caminha para mais um de seus enredos clássicos: alianças que se tornam incômodas e, em certos momentos, ameaçadoras.
Depois de dar sobrevida ao MDB no Rio Grande do Norte ao convidar Walter Alves para compor sua chapa como vice-governador em 2022, a governadora Fátima Bezerra pode agora enfrentar um movimento silencioso de enfraquecimento vindo justamente de seu aliado.
Walter Alves, herdeiro político do ex-senador Garibaldi Alves, viu no convite de Fátima uma oportunidade de se manter em evidência após sucessivas derrotas eleitorais do MDB.
Com a estrutura e a visibilidade do cargo de vice, ele tem articulado cada vez mais dentro e fora do governo, e o MDB caminha para recuperar protagonismo em 2026 — nem que para isso tenha que romper com a atual gestão petista.
A relação entre Fátima e o MDB nunca foi exatamente natural. A aliança sempre foi pragmática, mas o clima nos bastidores tem mudado. Interlocutores próximos apontam que o MDB tem demonstrado desconforto com a condução de algumas políticas do governo e, sobretudo, com a falta de espaço para ampliar sua influência.
Com a aproximação das eleições e a montagem dos palanques para 2026, cresce a especulação de que Walter pode ensaiar um distanciamento estratégico, buscando abrir caminho para que o MDB tenha um projeto próprio de poder — ou até componha com setores da oposição, caso avalie que a popularidade de Fátima não reaja.
Se confirmada essa movimentação, Fátima Bezerra poderá experimentar o sabor amargo de ver um aliado virar adversário — Em política, como se sabe, gratidão costuma ser um artigo em falta.
Resta saber se a governadora agirá a tempo para evitar a rasteira ou se terá que assistir de camarote ao fortalecimento de quem ajudou a levantar.
É bom lembrar que a partir de Abril do próximo ano, Fatima Bezerra se tornará uma política sem mandato, e, sem mandato, nem o vento lhe bate nas costas.
Lembram do que disse a deputada Isolda na composição da aliança em 2022, que engoliria o MDB, para depois vomitar?
Pois bem, quem poderá ser vomitado no final das contas, é o PT.
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