segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Caso Coaf aproxima o clã Bolsonaro de Cuba

Por Josias de Sousa: 
Jair Bolsonaro trocou um dedo prosa com os repórteres neste domingo. Espremido, recusou-se a falar sobre Fabrício Queiroz, o correntista “atípico” que assessorava o primogênito Flávio Bolsonaro. Destravou a língua, entretanto, para reiterar suas críticas à forma como Cuba explorava os médicos que atuavam nesta terra de palmeiras.
“Não podemos admitir o trabalho escravo no Brasil com a máscara de trabalho humanitário voltado a pobres”, declarou o capitão, sem se dar conta de que o Caso Coaf aproxima a família Bolsonaro de Cuba.
Fabrício Queiroz movimentou R$ 1,2 milhão numa conta bancária abastecida com depósitos de servidores do gabinete de Flávio Bolsonaro na Alerj. O brasileiro espera por uma explicação razoável há 12 dias. E nada. A demora potencializa a suspeita de que teria ocorrido a cobrança de pedágio sobre o contracheque dos assessores, prática tão reles quanto usual nos legislativos do país. Mal comparando, é algo muito parecido com o que Cuba fez ao confiscar 70% dos salários dos médicos enviados para prestar serviços no Brasil.
Há duas diferenças: os médicos cubanos tiveram de suar o jaleco. E todo mundo sabe que o confisco previsto no contrato celebrado sob Dilma Rousseff ajudou a financiar a ditadura cubana. No gabinete de Flávio Bolsonaro, o suor era uma contrapartida contornável. E os saques feitos pelo faz-tudo Fabrício Queiroz na boca do caixa, em dinheiro vivo, camuflaram o destino da verba. A exceção foi o repasse de R$ 24 mil à futura primeira-dama Michelle Bolsonaro, feito por meio do velho, bom e rastreável cheque.

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